Os dois assaltantes que invadiram uma casa lotérica na área
central de Rio Branco (AC) se entregaram após seis horas de negociação com
policiais nesta quinta-feira (10). Dezenove pessoas, entre clientes e
funcionários, foram feitas reféns. Uma funcionária do estabelecimento, que se
passou por refém por toda a tarde, foi presa no final da operação suspeita de colaborar
com os assaltantes.
Nas negociações os bandidos pediram a presença da mãe,
coletes balísticos, almoço, refrigerantes, um representante da Secretaria de
Direitos Humanos, cigarros e um táxi com placa de fora de Rio Branco. Cada
pedido atendido pela polícia, os assaltantes liberavam uma quantidade de reféns.
Dezoito foram liberados em troca de três coletes balísticos e cinco marmitex.
“Os pedidos foram atendidos. Sobre os coletes balísticos,
foram atendidos também no primeiro momento, mas não era para ser. O carro não
foi negociável”, disse o capitão Geovane Filho, responsável pelas últimas
negociações com os assaltantes.
Segundo ele, as técnicas de negociação foram começadas a
partir do momento em que os assaltantes mostraram racionalidade. “Nas primeiras
horas da crise, os assaltantes entram em um período de irracionalidade. Com o
tempo, voltam a pensar. Nesse momento é que começamos a trabalhar com as
técnicas de negociação”, explicou.
Os dois assaltantes tinham passagem pela polícia. Antônio da
Silva Feitosa, 21, tinha passagens pela polícia por homicídio doloso e Moisés
do Nascimento, 26, estava em semiaberto há dez dias.
Os bandidos chegaram a efetuar seis disparos, um deles
acertou um veículo que estava estacionado em frente da lotérica. Nenhum refém
saiu ferido. Todos que eram liberados foram atendidos por equipes do
Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) que estavam no local. Duas grávidas e dois
policiais estavam entre os reféns.
“Foram momentos horríveis. Ameaçaram a gente todo o tempo e
deram muitas coronhadas. Espero que todos possam se salvar”, disse José Carlos,
um dos reféns que passou quatro horas nas mãos dos assaltantes.
O secretário de Segurança Público do Acre, Ildor Reni
Graebner, avaliou como sendo positiva o resultado da operação e disse que a
polícia está preparada para enfrentar qualquer situação.
“É uma demonstração para a bandidagem. A polícia está
preparada para enfrentar qualquer situação de crise, mas sempre valorizando as
vidas. Em todos esses casos, os bandidos sempre escolhem uma pessoa para passar
informações. Nesse caso foi a funcionária saiu por último”.
De acordo com o secretário, com a greve dos bancos o
movimento nas casas lotéricas aumentou em mais de 100%. Ele orienta às pessoas
não transportarem altos valores, caso necessário, que peçam escolta da polícia.
Entenda
Por volta das 11h (12h no horário de Brasília), dois homens
armados entraram na casa lotérica e anunciaram o assalto. A lotérica fica a 50
metros do quartel geral da Polícia Militar. O Batalhão de Operações Policiais
Especiais (Bope) foi acionado e a área central de Rio Branco ficou interditada.
Aproximadamente 30 pessoas estavam na agência quando os
assaltantes entraram no local. Ao observarem o assalto, algumas pessoas que
estavam no final da fila para atendimento conseguiram correr para fora do
estabelecimento, e conseguiram escapar em razão da proximidade da porta da
lotérica. Após seis horas de negociação com a polícia, os assaltantes de
entregaram pacificamente.
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